Sabemos que o avançar da idade é um fator de risco para perda de massa e força muscular com consequente redução da performance física. E alguns estudos observacionais têm associado este declínio a níveis reduzidos de 25-hidroxivitamina D (25OHD). Porém, não é possível ainda estabelecer uma associação causal entre deficiência de vitamina D e performance física. Da mesma forma, não há estudos de intervenção que avaliem o efeito da suplementação de vitamina D sobre a função muscular.
Com o objetivo de avaliar este efeito, o Vital trial conduziu um estudo derivado, comparando a suplementação de vitamina D e/ou ômega 3 com placebo em 1054 indivíduos saudáveis: homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais. A dose de vitamina D foi de 2000UI/dia e de ômega 3 de 1g/dia.
A idade média dos participantes foi de 64,9 anos e 48,9% da amostra foi de mulheres. O valor médio basal de 25-hidroxivitamina D foi 28,1 ng/ml. O tempo de acompanhamento foi de 2 anos.
A avaliação da performance física foi avaliada no início do estudo e após 2 anos, com a realização dos seguintes testes: força de preensão palmar (com dinamômetro), teste time up and go (TUG), velocidade de marcha, teste de levantar e sentar.
Na avaliação basal, poucos pacientes tinham fraqueza muscular ou baixa performance: 5,9% tinham baixa força de preensão palmar e 1,9% atingiram baixa velocidade de marcha.
Ao final do estudo, não houve nenhuma diferença entre o grupo de suplementação de vitamina D e/ou ômega 3 e o grupo placebo. E houve, na verdade, piora da velocidade de marcha e do TUG após 2 anos em todos os grupos avaliados.
Os autores concluíram, portanto, que em uma população previamente saudável, nem a suplementação de vitamina D nem de ômega 3 melhorou a performance física durante um seguimento de 2 anos.
Fica, obviamente, o questionamento de qual teria sido o efeito se a população estudada não fosse saudável, se tivesse níveis basais de 25OHD baixos ou se tivessem baixa performance física já no início do estudo.
De qualquer modo, estes dados, juntamente com os demais achados do Vital trial, apontam que não há necessidade de suplementar vitamina D de forma rotineira em adultos de meia-idade ou idosos saudáveis.