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Diabetes Manchetes

Qual é a prevalência de esteato-hepatite e fibrose em pacientes com DM2?

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Escrito por Ícaro Sampaio

A doença hepática gordurosa metabólica (DHGM) afeta aproximadamente 25% da população adulta em todo o mundo. A DHGM consiste em várias entidades, variando de fígado gorduroso a esteato-hepatite (EH). A EH, caracterizada por esteatose, inflamação lobular e balonização de hepatócitos, está associada a fibrose, progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular.

A fibrose avançada (FA), que é fibrose grave ou cirrose observada em uma amostra de biópsia hepática (muitas vezes referida como F3-F4), é o principal preditor independente para resultados relacionados ao fígado e mortalidade geral. Pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) têm maior prevalência de DHGM e risco exacerbado de desenvolver EH e FA, em comparação com a população em geral.

Recentemente foi publicado na Diabetes Care um estudo prospectivo multicêntrico em uma população bem caracterizada de pacientes ambulatoriais portadores de DM2, com suspeita de DHGNA baseada em esteatose na ultrassonografia e/ou nível elevado de ALT. A indicação de biópsia hepática não foi baseada em testes não invasivos usuais (ou seja, FIB-4 ou VCTE), mas em critérios padronizados pré-especificados, ou seja, nível elevado de ALT usando um limiar baixo (20 UI/L em mulheres e 30 UI/L em homens). 

Foram incluídos 330 pacientes na análise, dentre os quais 123 mulheres e 207 homens. A mediana de idade foi de 59 anos e a mediana de IMC foi de 32 kg/m2. Sessenta por cento dos pacientes tiveram pelo menos uma complicação microvascular, mais comumente nefropatia, e 20% tiveram pelo menos uma complicação macrovascular, mais comumente doença cardíaca isquêmica. A mediana de HbA1c foi de 7,5%. A maioria dos pacientes (97%) fazia uso de antidiabéticos orais. Os níveis medianos de AST e ALT foram de 35 UI/L e 49 UI/L, respectivamente.

A prevalência de EH, FA e cirrose foi de 58%, 38% e 10%, respectivamente. As lesões hepáticas foram independentemente associadas aos componentes da síndrome metabólica, mas não às complicações micro e macrovasculares do DM2. Fibrose grave (estágio F3) foi encontrada em 91 pacientes (28%) e cirrose (estágio F4) em 33 pacientes (10%)

Os resultados mostram que pacientes com DM2 e DHGM atendidos têm alta prevalência de FA e EH, apesar de anormalidades leves nos testes hepáticos. Tal resultado enfatiza a relevância de escolher limites mais baixos para classificar como anormais os valores de ALT, ou seja, 20 UI/L em mulheres e 30 UI/L em homens.

 

Laurent Castera, Cédric Laouenan, Anaïs Vallet-Pichard, Tiphaine Vidal-Trécan, Pauline Manchon, Valérie Paradis, Dominique Roulot, Nathalie Gault, Christian Boitard, Benoit Terris, Hélène Bihan, Jean-Baptiste Julla, Alina Radu, Thierry Poynard, Angélique Brzustowsky, Etienne Larger, Sébastien Czernichow, Stanislas Pol, Pierre Bedossa, Dominique Valla, Jean-François Gautier, The QUID-NASH investigators; High Prevalence of NASH and Advanced Fibrosis in Type 2 Diabetes: A Prospective Study of 330 Outpatients Undergoing Liver Biopsies for Elevated ALT, Using a Low Threshold. Diabetes Care 1 July 2023; 46 (7): 1354–1362.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor e Professor do AfyaEndocrinopapers
Professor de endocrinologia da Medcel
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife

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