A obesidade é, atualmente, uma doença crônica altamente prevalente no mundo todo, com expressivo impacto negativo sobre a morbimortalidade da população mundial e sobre os custos econômicos com a saúde. No entanto, embora a sociedade seja constantemente alertada sobre a necessidade de não apenas tratar mas também prevenir a obesidade, a projeção publicada recentemente pela World Obesity Federation deixa claro que as estratégias adotadas ainda estão longe de serem eficazes.
Afinal, de acordo com o atlas da obesidade publicado agora em 2023 pela citada entidade, mais da metade da população mundial terá sobrepeso ou obesidade no ano de 2035. Enquanto, em 2020, 38% da população tinha sobrepeso ou obesidade, a projeção indica que, em 2035, esta prevalência aumentará para 51%. Considerando apenas os indivíduos com obesidade, a prevalência será de 24% (quase ¼ da população mundial).
Os dados se mostram ainda mais assustadores, quando a projeção é feita por faixa etária, já que o aumento da prevalência será mais expressivo em crianças e adolescentes do que nos adultos acima de 20 anos de idade.
Considerando a faixa etária de 5 a 19 anos, a prevalência de obesidade, em 2020, era de 10% em meninos e 8% em meninas. Em 2030, será de 14 e 10%, respectivamente. E, em 2035, de 20 e 18%.
E o impacto econômico global que este aumento de prevalência irá acarretar também assusta. Estima-se que este impacto será de pouco mais do que 4 trilhões de dólares em 2035. Em 2020, era de 1,96 trilhões.
Este impacto econômico inclui tanto os custos com a assistência médica (tratamento da obesidade e suas consequências) quanto a influência negativa do alto índice de massa corpórea (IMC) sobre a economia, com aumento do absenteísmo e da produtividade no trabalho.
O atlas da obesidade também divulgou a projeção para cada país separadamente. Para o Brasil, estima-se que a obesidade acometerá, em 2035, 41% da população. Até lá, o aumento da prevalência de obesidade será de 2,8% ao ano na população adulta, saltando para 4,4% ao ano em crianças e adolescentes.
Vale ressaltar que estas projeções não levam em conta situações mais difíceis de prever, como o impacto de possíveis novas pandemias sobre a obesidade. O SARS-COV-2, por exemplo, pegou o mundo todo de surpresa e elevou não apenas a mortalidade quanto o impacto econômico da obesidade, considerando que o alto IMC foi um importante fator de risco para quadros mais graves da infecção.
Considerando, assim, os alarmantes dados apresentados, é fundamental que todos os países aumentem o investimento em estratégias de saúde pública e políticas sociais que combatam com mais vigor e eficiência o ganho de peso, especialmente entre os mais jovens, com foco na prevenção.
Mas sem esquecer que o acesso ao tratamento eficaz do sobrepeso e da obesidade é também fundamental para minimizar os danos gerados por um doença crônica e altamente prevalente que, infelizmente, no Brasil, ainda é negligenciada pela saúde pública.