Nódulos tireoidianos são um achado clínico comum, com prevalência de 3 a 7% com base na palpação. Utilizando a ultrassonografia (US), o número sobe para 20 a 76%, percentual similar ao relatado em estudos de necrópsia. Apesar de a maioria representar lesões benignas, a frequência de malignidade varia de 5 a 10%, tornando o câncer de tireoide a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino. Em 2022 a OMS publicou uma revisão sobre a nomenclatura das neoplasias de tireoide e esse ano saiu a nova classificação de Bethesda para as citologias de tireoide. Vamos às principais novidades?
O sistema Bethesda estabeleceu um padrão uniforme para os resultados de citologias obtidas pela punção por agulha fina dos nódulos de tireoide, desde sua primeira edição, publicada em 2010. Em 2023, chegando a sua terceira edição, a nomenclatura proposta já é universalmente aceita, possibilitando maior reprodutibilidade e contribuição entre especialistas de diferentes países.
Nesta nova edição, a principal mudança ficou com as citologias indeterminadas. A categoria “atipia de significado indeterminado/lesão folicular de significado indeterminado”(Bethesda III) passa a se chamar apenas “atipia de significado indeterminado”. Para essa categoria, também foi colocada a necessidade de especificar a presença de “atipia nuclear” ou “outras atipias” sendo sugerida a especificação. A simplificação também foi aplicada à categoria “Neoplasia folicular/Suspeito de neoplasia folicular”(Bethesda IV) que passa a se chamar apenas “Neoplasia folicular”.
O risco de malignidade de cada categoria também foi atualizado (e acabou aumentando). Segue o novo quadro
Categorias | Malignidade % | Conduta |
I – Insatisfatório | 13 (5-20) | Repetir PAAF |
II – Benigno | 4 (2 – 7) | Seguir em 12m |
III – Atipia de significado indeterminado | 22 (13 – 30) | Repetir ou Painéis ou Cirurgia* |
IV – Neoplasia Folicular | 30 (23 – 34) | Painéis ou Cirurgia* |
V – Suspeito de Malignidade | 74 (67 – 83) | Painéis ou Cirurgia |
VI – Maligno | 97 (97 – 100) | Cirurgia |
Já na classificação da OMS, os autores descreveram vários tipos de neoplasias da tireoide, agrupadas em anormalidades do desenvolvimento, derivadas de células foliculares, derivadas de células parafoliculares (medular), lesões mistas, derivadas de glândulas salivares, de origem histológica incerta, lesões tímicas e embrionárias. Como é facilmente perceptível, a classificação criou uma grande confusão. Vamos aos pontos principais:
– As lesões derivadas de células foliculares são as mais frequentes. Podem ser divididas em Tumores benignos, neoplasias de baixo risco (onde se destaca o NIFTP), e neoplasias malignas.
– A neoplasia de células de Hürthle, antes considerada uma variante da neoplasia folicular de maior agressividade, passa a ser um subtipo especifíco recebendo a nomenclatura de “tumor de células oncocíticas”.
– Os carcinomas diferenciados (Papilífero e Folicular) e o carcinoma medular receberam uma nova subclassificação em lesão de alto grau no estudo histopatológico. A classificação é baseada na presença de 5 ou mais figuras de mitose em campo de 2mm, necrose tumoral e na expressão do Ki67 ≥ 5% (esse último critério só para o medular).
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