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Diabetes

Estudo GRADE: antidiabéticos e desfechos renais

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Escrito por Ícaro Sampaio

Recentemente, no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2, várias classes de medicamentos hipoglicemiantes demonstraram ter benefícios renais de modo independente dos efeitos glicêmicos, um efeito observado principalmente em estudos de pessoas com doença renal crônica, doença cardiovascular aterosclerótica ou alto risco cardiovascular. Inibidores da dipeptil peptidase tipo 4 (iDPP4), agonistas do receptor de GLP-1 (GLP-1 RA) e inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 (iSGLT2) demonstraram reduzir a albuminúria na DRC, em comparação com placebo ou outro hipoglicemiante.

Os inibidores de SGLT2 também demonstraram claramente retardar a diminuição da taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ao longo do tempo e os agonistas do receptor GLP-1 mostraram benefícios potenciais em relação à perda de TFGe em estudos de curto prazo e análises secundárias de trials de desfechos cardiovasculares. No entanto, se pessoas em um estágio inicial de diabetes, em grande parte livres de DRC, apresentam benefícios diferenciais do tratamento com hipoglicemiantes que não sejam iSGLT2, ainda permanecia desconhecido.

Neste mês de maio foi publicado um ensaio clínico randomizado realizado em 36 locais nos EUA. Os participantes incluíram adultos com DM2 há menos de 10 anos, HbA1c entre 6,8% e 8,5% e TFGe maior ou igual a 60 mL/min/1,73 m2 que estavam recebendo tratamento com metformina. Foi realizada a adição de insulina glargina, glimepirida, liraglutida ou sitagliptina à metformina, com a combinação medicamentosa continuada até que a HbA1c fosse superior a 7,5%; depois disso, a insulina foi adicionada para manter o controle glicêmico.

Vamos aos principais resultados:

  • Dos 5.047 participantes, 3.210 (63,6%) eram homens. As características basais eram idade média de 57,2 anos; HbA1c 7,5% ; duração do diabetes, 4,2  anos; índice de massa corporal, 34,3 ; TFGe 94,9 mL/min/1,73 m2; e relação albumina/creatinina na urina 6,4 mg/g;
  • A variação média da TFGe foi de -2,03  mL/min/1,73 m2 por ano para pacientes recebendo sitagliptina; glimepirida, -1,92 mL/min/1,73 m2 por ano; liraglutida, -2,08 mL/min/1,73 m2 por ano; e insulina glargina, -2,02 mL/min/1,73 m2 por ano (p = 0,61);
  • A progressão média do desfecho renal composto (albuminúria, diálise, transplante renal ou morte por causas renais)  ocorreu em 135 (10,6%) pacientes recebendo sitagliptina; glimepirida, 155 (12,4%); liraglutida, 152 (12,0%); e insulina glargina, 150 (11,9%) (p = 0,56). A maior parte do resultado composto foi atribuível à progressão da albuminúria (98,4%);
  • Não houve eventos renais adversos atribuíveis à atribuição de medicamentos.

Desse forma, os resultados do estudo GRADE sugerem que, em pessoas com DM2 predominantemente sem complicações renais no início do estudo, um inibidor DPP-4, sulfonilureia, agonista do receptor GLP-1 ou insulina basal adicionada à metformina são equivalentes em relação ao desenvolvimento. ou progressão da DRC em um período de 5 anos.

 

Referência:

Wexler DJ, de Boer IH, Ghosh A, et al. Comparative Effects of Glucose-Lowering Medications on Kidney Outcomes in Type 2 Diabetes: The GRADE Randomized Clinical Trial. JAMA Intern Med. Published online May 22, 2023. doi:10.1001/jamainternmed.2023.1487

 



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor e Professor do AfyaEndocrinopapers
Professor de endocrinologia da Medcel
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife

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