O diabetes tipo 2 (DM2) atinge 10,2% da população brasileira, conforme dados da pesquisa Vigitel Brasil 2023. A doença aumenta significativamente o risco de eventos cardiovasculares, doenças microvasculares e morte prematura. O controle rigoroso da glicemia, da pressão arterial e dos lípides reduz o risco de complicações relacionadas ao DM2, especialmente quando alcançados concomitantemente. Apesar disso, a maioria dos pacientes não consegue atingir as metas terapêuticas. Dados do estudo americano NHANES apontam que 50% dos pacientes têm HbA1c <7% e apenas 22% têm metas alcançadas nos três parâmetros citados, mesmo se tratando de uma coorte clínica.
Nesse contexto, novos dados podem apontar um novo fator determinante do mal controle. Foram apresentados dados preliminares do estudo CATALYST, capitaneado pelo renomado Ralph DeFronzo. Trata-se de um estudo em duas partes que objetivou rastrear hipercortisolismo entre indivíduos com DM2 de difícil controle, definido como tendo um HbA1c > 7,5% apesar do tratamento otimizado. O hipercortisolismo foi definido como um cortisol superior a 1,8 g/dL após supressão com dexametasona. Entre as primeiras 700 pessoas recrutadas, 24% apresentavam hipercortisolismo. A taxa de prevalência permaneceu consistente durante todo o ensaio, que objetiva inscrever 1.000 participantes no total.
“Estes resultados preliminares indicam claramente que o hipercortisolismo deve ser considerado – uma vez que a taxa de prevalência é significativamente mais elevada do que se supunha anteriormente”, relata DeFronzo. Os participantes da primeira parte do CATALYST que atenderem aos critérios de triagem serão elegíveis para continuar na parte de tratamento do estudo. Nesta segunda parte, os participantes serão designados aleatoriamente, 2:1, para receber mifepristona ou placebo. A droga atua como bloqueador do receptor de glicocorticoide e de progesterona, sendo aprovada pelo FDA para controle glicêmico no diabetes decorrente da Síndrome de Cushing.