A retinopatia diabética (RD) é uma complicação vascular altamente específica do diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, tendo a sua prevalência fortemente relacionada com a duração do diabetes e controle glicêmico. Atualmente, é a causa mais frequente de novos casos de cegueira entre adultos de 20 a 74 anos, em países desenvolvidos.
Um estudo de coorte multicêntrico publicado recentemente no JAMA Ophthalmology teve como objetivo avaliar a associação entre o uso de fenofibrato e a progressão de RD não proliferativa para RD com ameaça à visão (um composto de retinopatia diabética proliferativa ou edema macular diabético), RD proliferativa ou edema macular diabético. A população do estudo foi composta de 150.252 pacientes maiores de 18 anos com RD não proliferativa, dentre os quais 5.835 estavam tomando fenofibrato para tratamento de dislipidemia e 144.417 não.
Em comparação com aqueles que não usaram fenofibrato, os pacientes que fizeram uso da droga tiveram um risco 8% menor de RD com ameaça à visão (HR, 0,92; IC 95%, 0,87 – 0,98; p = 0,01). Os pacientes que tomaram fenofibrato também tiveram um risco 24% menor de doença proliferativa (HR, 0,76; IC 95%, 0,64 – 0,90; p = 0,001). No entanto, não houve redução significativa de edema macular diabético (HR, 0,96; IC 95%, 0,90 – 1,03; P = 0,27).
Dois ensaios clínicos randomizados anteriores com grupos muito menores de participantes, os estudos Action to Control Cardiovascular Risk in Diabetes (ACCORD) Eye e Fenofibrate Intervention and Event Lowering in Diabetes (FIELD), mostraram redução significativa na retinopatia diabética com ameaça à visão com uso de fenofibrato. No entanto, o estudo mais recente, apesar de observacional, chama a atenção pelo grande tamanho da amostra.
Os resultados desse novo estudo despertaram novamente o interesse em analisar o potencial papel do fenofibrato no tratamento da retinopatia diabética e vários ensaios clínicos estão sendo realizados para chegar a um resultado mais conclusivo.